segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

80 º Aniversário do Avante


Os meios de informação portugueses de referência, todos sem excepção, não fizeram qualquer referência ao 80º aniversário do jornal Avante. Será porque o Avante nunca se submeteu à censura fascista ao longo da sua publicação ininterrupta desde 1931 até 1974? O facto incomoda, particularmente os que sabem e aceitam que só têm «a liberdade de escrever o que o patrão pensa».


Os média dominantes, na sua generalidade, silenciaram o aniversário do Avante!
O ódio de classe é assim, pelo que não há razão para surpresas.
Surpresa seria – e grande – se o aniversário do órgão central do Partido Comunista Português – que orgulhosamente ostenta no seu cabeçalho a foice e o martelo e a consigna Proletários de todos os países, UNI-VOS!… – tivesse sido tratado de forma diferente da que foi pelos jornais que são propriedade dos grandes grupos económicos e financeiros…
Na verdade, não há «parabéns» possíveis – nem desejáveis, diga-se – nestas circunstâncias. Regista-se a ocorrência apenas para ficar registada – e para arquivar no dossier dos exemplos da imparcialidade e da isenção que os média dominantes se atribuem e não se cansam de apregoar.
Entretanto – independentemente da existência desses média dominantes propriedade do grande capital e do silenciamento a que votaram o aniversariante – o Avante!, jornal que desde o seu primeiro número combate o grande capital explorador e opressor, fez oitenta anos. Tenham paciência…
Oitenta anos é muito tempo. E essas oito décadas ganham uma nova dimensão, se tivermos em conta que mais de metade desse tempo foi vivido sob o regime fascista, quando tudo o que se publicava era previamente sujeito à censura própria daqueles tempos e limpo de todas e quaisquer referências ou alusões a… aniversários e etc…
E se a tudo isto – e a muito mais que não vale a pena lembrar – acrescentarmos o facto de o Avante! ter sido o único jornal que nunca se submeteu à censura fascista – e que, assim, fez da sua longa existência um caso de afirmação concreta de liberdade de informação assumida – não é difícil concluir que o órgão central do PCP constitui um caso singular na história da imprensa portuguesa e da luta pela liberdade de informação.
Enfim, tudo coisas em que os média dominantes nem querem ouvir falar. Nem falam.
Enfim, tudo razões mais do que suficientes para o silenciamento do 80.º aniversário do Avante! por parte desses paladinos da liberdade de informação que são os média da desinformação organizada.

José Casanova:
Membro do Comité Central do Partido Comunista Português e director do jornal Avante.
Este texto foi publicado no Avante nº 1.942 de 17 de Fevereiro de 2010

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