OS MUROS
"Um dia destes, a propósito dos gastos dos partidos nas campanhas eleitorais, um politólogo especializado na matéria, chamado a opinar, opinou que as campanhas eleitorais partidárias eram desnecessárias, já que, explicava, a intervenção da comunicação social nas campanhas era suficiente para fazer chegar aos eleitores as propostas dos vários partidos concorrentes.
Nessas circunstâncias, acrescentava, os cidadãos, para darem consciente destino ao seu voto, não precisavam de cartazes, nem de panos dependurados nas árvores, nem de comícios, nem de debates, nem de sessões de esclarecimento, nem de nada dessas coisa que tanto dinheiro custam.
Presumindo que o dito politólogo não estava a brincar, só nos resta... levá-lo a sério – sobretudo no que respeita ao conceito de democracia eleitoral implícito na sua opinação. Sabe, certamente, o politólogo – não pode deixar de saber – que a comunicação social dominante que dá guarida às opiniões por ele emitidas não tem igual abertura para opiniões que das suas discordem ou se lhes oponham.
Sabe, igualmente – não pode deixar de saber – como essa comunicação social distribui o seu tempo e o seu espaço pelos partidos políticos nacionais – e não apenas em período de campanha eleitoral, mas todos os dias de todas as semanas, de todos os meses, de todos os anos. Sabe, ainda – não pode deixar de saber – o porquê dessa prática por parte de todos os média propriedade do grande capital – que são a quase totalidade dos existentes.
Ora, sabendo tudo isto e opinando como opina, é óbvio que ao seu conceito de eleições democráticas falta, precisamente, o conteúdo democrático. Bem tramados estávamos, nós, comunistas, se seguíssemos a opinação dele; se não recorrêssemos à militância partidária para fazer chegar as nossas propostas ao eleitorado, procurando ultrapassar e derrubar os muros espessos que a comunicação social dominante ergue entre nós e o eleitorado – muros que são feitos não apenas do silenciamento dessas propostas, mas, pior do que isso, da sua deturpação e falsificação. Muros que, todos os dias, roubam democracia à democracia."
Nessas circunstâncias, acrescentava, os cidadãos, para darem consciente destino ao seu voto, não precisavam de cartazes, nem de panos dependurados nas árvores, nem de comícios, nem de debates, nem de sessões de esclarecimento, nem de nada dessas coisa que tanto dinheiro custam.
Presumindo que o dito politólogo não estava a brincar, só nos resta... levá-lo a sério – sobretudo no que respeita ao conceito de democracia eleitoral implícito na sua opinação. Sabe, certamente, o politólogo – não pode deixar de saber – que a comunicação social dominante que dá guarida às opiniões por ele emitidas não tem igual abertura para opiniões que das suas discordem ou se lhes oponham.
Sabe, igualmente – não pode deixar de saber – como essa comunicação social distribui o seu tempo e o seu espaço pelos partidos políticos nacionais – e não apenas em período de campanha eleitoral, mas todos os dias de todas as semanas, de todos os meses, de todos os anos. Sabe, ainda – não pode deixar de saber – o porquê dessa prática por parte de todos os média propriedade do grande capital – que são a quase totalidade dos existentes.
Ora, sabendo tudo isto e opinando como opina, é óbvio que ao seu conceito de eleições democráticas falta, precisamente, o conteúdo democrático. Bem tramados estávamos, nós, comunistas, se seguíssemos a opinação dele; se não recorrêssemos à militância partidária para fazer chegar as nossas propostas ao eleitorado, procurando ultrapassar e derrubar os muros espessos que a comunicação social dominante ergue entre nós e o eleitorado – muros que são feitos não apenas do silenciamento dessas propostas, mas, pior do que isso, da sua deturpação e falsificação. Muros que, todos os dias, roubam democracia à democracia."
José Casanova
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