domingo, 14 de junho de 2009

AS MENTIRAS DO IMPERIALISMO






Depois da segunda guerra mundial, os dirigentes políticos ocidentais e americanos, culpavam a União Soviética e a China de todos os males do Mundo: Direitos do Homem, falta de democracia, revoltas em alguns países, guerras coloniais etc., etc. designando o campo socialista como as forças do mal o que Kenedy, antigo presidente americano, designava como "a conspiração monolítica e cruel," procurando levar "a sua influência brutal" ao mundo livre.
Ora, com o desaparecimento da União Soviética e a queda do muro de Berlim, as políticas deviam mudar e o Mundo transformar-se no prometido "Paraíso Terrestre."
Só que, depressa o rumo seguido fez aparecer claramente o passado projectando uma nova luz sobre o que aconteceu antes, pondo a claro os fundamentos estabelecidos das políticas seguidas.
O fim da guerra-fria deu lugar a uma maré de retóricas mo Mundo, afirmando-se que o Ocidente ia enfim ser livre de defender o seu apego tradicional da liberdade, da justiça e dos direitos do homem sem ser travado pela oposição de outras potências. Só que a realidade é bem outra e hoje, temos que constatar que o Mundo em nada melhorou. A
miséria cresceu, as liberdades estagnaram, se não recuaram, os direitos do homem regrediram e inventaram-se novos campos de tortura.
Ligado a um novo vocabulário inventaram palavras nobres como "intervenção humanitária" e "responsabilidade de proteger", mas hoje sabemos qual a sua finalidade: Cosovo, Bósnia, Iraque, Afeganistão, Ruanda e muitos outros países sabem muito bem o que o humanitário, para o Ocidente, significa.
Toda a ideia, por muito legítima que ela seja, corre o risco de se transformar em ideologia e de ser utilizada pelos poderes estabelecidos a de fins que lhe são próprios.
É o que acontece com a ideia da defesa dos direitos do homem logo que ela se transforma em legitimação da ingerência militar unilateral e que, apoia a recusa do direito internacional.
Durante o período colonial, a dominação ocidental sobre o Mundo, foi justificada pelo cristianismo ou pela "missão civilizadora" da República. Depois da descolonização e o fim da guerra do Vietname, há um certo discurso sobre os direitos do homem e da democracia, misturado a uma representação particular da Segunda Guerra mundial, que completou a lista.
Esta ideologia, conseguiu mistificar e enfraquecer os movimentos progressistas e pacifistas que procuram opor-se às agressões ocidentais e às estratégias de dominação.
Ela é uma sorte de cavalo de Tróia ideológica do intervencionismo ocidental no seio dos movimentos que, em princípio, lhes são opostos. Mais, ela contribui a fazer esquecer aos movimentos altermundialistas que a ordem socio-económica profundamente injusta que eles combatem é apoiada, no fim de contas, pelo poder militar americano.
Logo que grupos de pessoas exercem poder sobre outros, que se trate de patrões, de aristocratas, de ditadores, de monarcas, de burocratas ou de colonos, eles têm necessidade de uma ideologia justificativa. E a forma abstracta desta justificação é quase sempre a mesma; logo que alguém exerce um poder sobre outro ele o faz "para o seu bem". Dito de outra maneira, o poder se apresenta como altruísta, Primeiro, falavam "das verdades sublimes contidas na eterna religião do Cristo nosso Salvador", assim como nos princípios "da sua santa religião plena de justiça, de caridade e de paz",prometendo comportar-se como os pais em relação aos filhos.
No século vinte, mudança de tom. Fizeram-se guerras em nome da democracia e da liberdade e não se olhou a meios. Criaram-se ditadores sanguinários, principalmente na Europa e na América Latina, e não só. Para além de Hitler e Mussolini inventaram Salazar, Franco, Pinochet, Shuarto, Mobuto, os generais argentinos, brasileiros, guatemaltecos etc,...
Para trás ficaram milhões de mortos: homens, mulheres e crianças inocentes e indefesas pagaram com a própria vida a ganância e a estupidez dos senhores do mundo.
Em plena guerra do Vietname, o historiador americano Arthur Schlesinger descrevia a política americana neste país como fazendo parte do "nosso programa geral da boa vontade internacional". Ao fim desta guerra, um comentador liberal escrevia no New York Times que:
"Durante um quarto de século, os Estados Unidos ensaiaram de fazer bem, de encorajar a justiça social no terceiro mundo", mas, só que foram além das suas possibilidades morais e caíram na maior das hipocrisias. É difícil encontrar um poder abertamente cínico; os indivíduos que vivem à margem da sociedade, como os membros dos gangues ou das máfias, fornecem, sem dúvida, os melhores exemplos. Isto vem em parte do facto que o efeito da ideologia era constantemente reforçado pela existência de um sacerdócio secular, que jogava nas sociedades tradicionais. Este apresentava-se como sendo um intermediário entre o humano e o divino e assim se legitimava o poder dos grupos dominantes interpretando de maneira adequada a vontade divina. Assim se garantia uma posição social relativamente privilegiada ao abrigo do poder temporal.
Com as luzes da Revolução Francesa e as revoluções democráticas na Europa, a missão da religião, como justificação do poder diminuiu constantemente. E hoje invocar a democracia tem uma ressonância mais contemporânea que a da Santa Aliança invocando a religião.
Notaremos por exemplo que mesmo alguém tão religioso como Bush, não justificava as suas guerras ao nome da religião, mas sim da democracia e dos direitos do homem.
Nota-se igualmente, que os seus amigos da Europa eram muitas vezes incomodados pelo seu lado religioso e preferiam que ele se detivesse aos discursos sobre os direitos do Homem.


Armando Madeira

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