quinta-feira, 19 de julho de 2012

Procissões de encapuçados nas vielas do poder

 
Um só caminho é praticável ; e não para mudar a própria Sorte, decidida de uma vez por todas. Mas, pelo menos, para conhecê-la.
O caminho é lançarmos-nos em cheio ao trabalho esperando ter êxito, ganhar dinheiro e prestígio, alcançar sucesso porque ... quem tem êxito nas actividades humanas é esperado no Paraíso ; quem falha, falha não só aqui, mas também na Eternidade, pois no plano de Deus-patrão foi colocado entre aqueles que acabarão para sempre no Inferno !(Opus Dei, uma investigação jornalística”, Vittorio Messori citando Escrivá de Balaguer, na pag. 140”).
Os homens mais perigosos são aqueles que aparentam muita religiosidade, especialmente quando estão organizados e detêm posições de autoridade, contando com o profundo respeito do povo, o qual ignora o seu sórdido jogo pelo poder, nos bastidores ...”
( Padre António Rivera, ex-jesuíta ).

Por: Jorge Messias
A crise actual do catolicismo é determinada por um facto incontestável : a coexistência de duas visões do mundo radicalmente diferentes ; e a intensa cobertura da comunicação social sobre a crise financeira ou crise europeia, ignorando o elefante na sala. O que vai acontecendo é que as pessoas que produzem coisas reais no mundo real, já não prestam homenagens à besta financeira Wall Street, aos escravizadores de mentes do Vaticano ou aos valentões de Washington DC “
(Igreja Católica Renovada do Brasil).
Por vezes, ao olharmos nos ecrãs da TV as imagens dos membros da troika ou o espectáculo que nos é dado pelos membros das poderosas administrações dos bancos ou das grandes empresas, é-nos difícil deixar de imaginar as longas filas de monges e sacerdotes que no decorrer da história marcaram com os seus hábitos, a sua unção e os seus discursos fáceis, os corredores dos conventos ou os salões dos paços reais e da alta aristocracia do reino. E, com efeito, os laço que unem fantasmas e corpos ainda palpitantes é evidente: nuns e noutros casos, tratou-se e trata-se de fazer negócio, arrecadar os lucros e concentrar capitais. Porque, um dia (que não virá longe, segundo os cardeais) o Vaticano reinará na terra. Mas não reinará sem a banca a seu lado. Por isso mesmo, a Cúria vai melhorando constantemente as suas posições no mercado financeiro.
Entretanto, passam os meses e os anos e muito pouco ou nada parece confirmar a visão optimista da igreja de Roma. Multiplicam-se os escândalos e vão surgindo factos que comprovam a quebra de influência do aparelho eclesiástico e da sua tradicional disciplina de classe. Avultam os crimes sexuais, financeiros, de abuso do poder, etc. O Vaticano surge envolvido, directa e indirectamente, em matéria criminal tal como acontece com o IOR, o Bank of America, o Crédit Agricole, o Commerzbank, a Société Générale, o J.P. Morgan, o Goldman Sachs, a Union des Banques Suisses, o Banquia, o Popular, também todos aqueles que já citámos e muitos mais que vão aparecendo se bem que a igreja tudo fizesse para que fossem esquecidos. No entanto, eles permanecem presentes nas memórias de muitos de nós.
Deve, entretanto, reconhecer-se que o génio inovador do colégio episcopal não esgota o seu poder inovador. Não é só através dos esquemas tradicionais de aquisição e ampliação do poder - como as Concordatas ou as isenções fiscais negociadas com governos amigos – que o Vaticano actua. Outros canais, porventura de mais alto risco, estão disponíveis e devem merecer toda a nossa atenção, sobretudo por serem altamente diversificados : os offshores, as bolsas de valores, o ensino e a saúde privados, o terceiro sector e a segurança social, a solidariedade filantrópica no combate à pobreza, a política nacional, a política europeia e a política do terceiro mundo, o fosso bem e mal-amado entre ricos e pobres, etc., etc. Por todos os espaços livres o Vaticano se mete, qual piolho por costura ...
Assim se prepara, pelos caminhos do padre Escrivá e do seu continuador Ratzinger, o Milénio da Nova Ordem que entregará a uma só Igreja o comando dos homens e sagrará o Capital … Reduzirindo de novo o Homem à condição de escravo e substituindo o seu livre arbítrio por um banal implante electrónico colocado à flor da pele ! ...
No meio de tudo isto, o que porventura mais espanta é que os católicos da Teologia da Libertação se continuem a calar … Tempos houve em que invocavam
a plena manifestação da vida, da justiça e da dignidade” ! Chamavam-lhes, então, católicos progressistas

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