Andam, os dois, há 34 anos consecutivos a fazer a mesma política de direita, numa representação consabida, cumprindo rigorosamente as marcações da alternância disfarçada de alternativa que é o seguro de vida comum aos dois.
Foram, os dois, peças fundamentais da contra-revolução que liquidou a democracia de Abril e instalou esta faz-que-é-mas-não-é democracia.
Foram, os dois, os carrascos de tudo o que de novo, de moderno, de avançado, de progressista, a Revolução de Abril criou.
Foram, os dois, os coveiros da participação popular na construção da democracia avançada de Abril.
Foram, os dois, a guarda avançada dos grandes agrários e do grande capital no caminho da restauração do capitalismo monopolista de Estado.
Fizeram, os dois, dos direitos e interesses dos trabalhadores o alvo prioritário a abater.
Espalharam, os dois, o desemprego, a precariedade, os salários em atraso, a exploração, a injustiça, a pobreza, a miséria, a fome.
Fizeram, os dois, dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros o alvo exclusivo a favorecer.
Planearam e executaram, os dois, a desorganização e destruição do aparelho produtivo nacional.
Vibraram, os dois, criminosas machadadas nos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
Depositaram, os dois, a independência e a soberania nacionais nas garras do imperialismo norte-americano e da sua sucursal europeia.
Envolveram, os dois, Portugal em guerras de ocupação imperialista, tornando-se co-responsáveis do massacre de centenas de milhares de homens, mulheres e crianças inocentes.
Trataram, os dois, a Constituição da República Portuguesa, Lei Fundamental do País, como um papel de embrulho.
Aprovaram, os dois, os PEC’s e o OE da desgraça.
Empurraram, os dois, Portugal para o buraco negro em que hoje está.
Agora, os dois, fingem que nada têm a ver com tudo isto e apresentam-se como portadores da política salvadora – que é, confessam os dois, a mesma com a qual, os dois, conduziram Portugal à dramática situação existente...
Sem ponta de vergonha, os dois.
Sem sombra de respeito pela inteligência e pela sensibilidade dos portugueses, os dois.
José Casanova
No Avante de 16/12/2010
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