domingo, 17 de junho de 2007

LUTAR CONTRA A INTERIORIDADE















No passado sábado, na vila serrana de Manteigas, as Organizações Distritais de Castelo Branco e Guarda do PCP realizaram um encontro que teve como principal objectivo analisar o estado actual da região geográfica da Serra da Estrela.
No evento participaram muitos homens e mulheres, oriundos dos concelhos serranos, que amam e gostam de viver na a sua região e que deram um enorme contributo para a valorização desta nossa região. Esteve também presente o Secretário Geral do PCP Jerónimo de Sousa, foi o último orador e na sua intervenção assumiu o compromisso de que o PCP tudo fará para que a Serra da Estrela venha a ser o pólo de desenvolvimento a que tem direito no contexto nacional. Dos oradores, homens e mulheres dos concelhos da Região da Serra da Estrela, todos eles, assim como os presentes na sala, que eram muitos, tiveram uma coisa em comum: criticaram o que, em seu entender, estava mal e apresentaram sugestões para que a Serra da Estrela e a Região inverta o caminho de degradação para onde foi atirada pelos governantes e organismos responsáveis que gerem os recursos da Serra da Estrela.
Pelos presentes no encontro, onde o concelho da Covilhã esteve muito bem representado, foi aprovada uma resolução política que, este espaço, vai tomar a ousadia de (resumidamente) publicar.

INTRODUÇÃO
O PCP, no quadro de preparação da Conferência Económica e Social que leva a efeito nos dias 24 e 25 de Novembro, realiza um Encontro de âmbito regional – envolvendo os Distritos da Guarda e Castelo Branco e particularmente os Concelhos da Região da Serra da Estrela: Covilhã, Fundão e Belmonte, Guarda, Manteigas, Gouveia e Seia, Fornos de Algodres, Aguiar da Beira, Celorico da Beira e Oliveira do Hospital – onde procura fazer uma abordagem transversal do estudo e discussão da situação e problemas da Serra da Estrela, em toda a sua multiplicidade (ambiente, património, recursos naturais, demografia, quadro social, actividades económicas, eixos e modelo de desenvolvimento, etc.) com vista à definição das propostas que constituem a alternativa do PCP para a defesa e desenvolvimento da Serra de Estrela – um desenvolvimento integrado, que seja factor de justiça social, e sustentado, do ponto de vista económico, social, cultural e ambiental.
Importa realçar que esta iniciativa não surge do nada. O PCP tem um património de intervenção e propostas sobre a Serra da Estrela que o coloca numa posição impar para, de novo e com maior profundidade, se debruçar sobre os problemas e potencialidades desta importante região.
Recorde-se que as Direcções das Organizações Regionais, ao longo dos anos, em conjunto ou com posições próprias, têm assumido propostas e definido orientações para o desenvolvimento da região da Serra da Estrela e Concelhos envolventes. Ainda recentemente, no quadro das eleições legislativas de 2005, demos particular importância a este tema, avançando mesmo com a necessidade de implementação de um Plano Integrado de Desenvolvimento da Serra da Estrela.
Este «Encontro do PCP – Um novo rumo para a Serra da Estrela, sendo, como é, uma iniciativa do PCP, é uma iniciativa aberta que conta com o contributo indispensável dos militantes e simpatizantes comunistas mas também com a opinião, a reflexão e as propostas de entidades, autarcas, dirigentes associativos, empresários, trabalhadores, estudiosos que se preocupam com a situação existente e da que, tal como o PCP, querem um Novo Rumo para a Serra da Estrela.
É por demais evidente que o PCP tem uma posição muito crítica quanto às políticas de direita que têm sido prosseguidas, às medidas ou ausências delas, dos sucessivos governos do centrão dos interesses que têm sido responsáveis pela errada utilização da Serra, pelo modelo inconstitucional de gestão monopolista de uma parte significativa da serra, pela paralisia e modelo de funcionamento do Parque Natural da Serra da Estrela e pela incapacidade de desenvolver, de forma sustentável, as suas enormes potencialidades turísticas, ambientais, sociais e económicas.
De facto, as opções dos sucessivos governos têm constituído autênticos actos falhados. Veja-se o clamoroso falhanço do PROSTRELA, que o PCP caracterizou, e bem, como insuficiente no âmbito dos objectivos e limitado nos recursos e vejam-se as opções do Plano de Desenvolvimento Regional (PDR), dos Programas Operacionais decorrentes do III Quadro Comunitário de Apoio, e dos sucessivos PIADAS (Programas de Investimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central) e outros, que, ao invés de servirem para aproveitamento das nossas potencialidades e para o desenvolvimento integrado e harmonioso do todo nacional têm, na maioria dos casos, servido para acentuar as desigualdades e a desertificação do interior, como aliás se comprova pelos dados disponíveis sobre a vida económica, social e cultural da nossa região.
Por outro lado, apesar dos resultados da aplicação dos vários Quadros Comunitários de Apoio estarem ainda por apurar em toda a sua dimensão, pelos dados vindos a público, o conjunto do país (e também a região) não soube aproveitar os meios financeiros disponíveis, não utilizando a totalidade dos recursos e usando-os de forma pouco cuidada, por opções erradas, por falta de controlo e pela ausência de objectivos estratégicos.
Neste quadro, as propostas do PCP, partindo desta posição critica, que é comungada por muitos daqueles com quem contactámos, são também o resultado de um processo participativo e dinâmico onde cabem todos os que amam a sua terra para quererem o melhor – a dignificação e valorização do trabalho, uma sociedade mais justa, mais avançada e desenvolvida.

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